quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A primeira vez que virei bicho

São muitos os caminhos que se podem percorrer na trajetória de ser mulher: coisa que não se nasce sabendo, aliás. Há caminhos e caminhos e eles podem ser trilhados de maneira superficial como quase tudo nesta vida: ou não. Outros caminhos – os mais difíceis e apaixonantes, talvez – são labirínticos e eles dependem da disposição em ir o mais longe possível em si mesma: impossível chegar sozinha às fronteiras mais desconhecidas e inexploradas do próprio corpo. Labirinto de perder a si mesma e também de encontrar o outro: alguém disposto a percorrer estes abismos todos. E foi assim que eu entreguei os pontos e deixei-me despetalar: servi-me de corpo e servi-me de alma de um jeito inédito. Numa esquina de mim mesma, dissolvi-me, liquefiz-me e, pela primeira vez na vida, virei bicho (que bicho é esse?) para depois, só depois, coração desacelerando, vir retornando à forma humana original que, de alguma forma, nunca mais será a mesma. E talvez nem tão importante.

3 comentários:

Unknown disse...

Ahhhh minha prima... um dia essa intensidade te explode e alcança teus sonhos mais distantes. E te traz de volta pra terra!
Venha logo!

Juliana disse...

Ser mulher é, como você bem disse, é liquefazer-se, centrifugar-se, espremer-se e muito mais. www.juliana2504@blogspot.com

Nilde gomes disse...

essa dança hormonal nos matae nos enterra em lugares distantes...