segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A paixão e o precipício

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Na minha teoria, o ser humano (especialmente o do sexo feminino) nasce com um chip implantado que acende "Perigo, perigo!" toda vez que ele está na iminência de se apaixonar: um anjinho, na verdade, que sussurra regras lindas, sensatas, inteligentes, práticas e, o que é pior, fáceis ao ouvido do seu protegido. Faça isso, não faça aquilo, não ouça isso, delete aquilo, não pense nisso, evite aquilo outro, enfim. Um monte de dicas: dependendo da dificuldade da pessoa - e da sua intensidade - quase um livro, um Manual Prático de Sobrevivência. Absolutamente perfeito, pedindo para não ser seguido porque logo em seguida vem também o diabinho, do outro lado, grudando lascivamente na orelha do pobre coitado, num ato deliberado de covardia, dizendo: "Nada disso. Vai, se joga, se arremessa da ponte, se arrebenta sem dó nem piedade nas pedras... Pular no precipício é tudo de bom. Quando você está caindo, o vento na pele, a liberdade, a gravidade, a altura (quanto mais do alto, melhor): você vai ver, é tããããão gostoso. Vai até pensar que está voaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaando."
(E geralmente a história termina com o anjinho, desesperado, lá de cima do precipício, querendo gritar a frase proibida "EU AVISEI". Vida de anjinho é sofrida, viu? Mas ele não sabe que, ao mesmo tempo que o botão de "Perigo" acende, outras coisas acendem também. E com muito mais força.)

Samara Sieber